O número de mortes provocadas pelo terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o sudeste da Turquia e o norte da Síria subiu a 11.200 nesta quarta-feira (8), dois dias depois daquele que já é considerado um dos piores desastres naturais do século.
Do total de óbitos, 8.574 ocorreram em território turco. Já na Síria, assolada por mais de uma década de guerra civil, a cifra ultrapassou os 2.500 na madrugada, segundo balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes.
Na Turquia, acumulam-se queixas de que o governo não tem dado assistência adequada à população nas áreas atingidas, mesmo após o presidente, Recep Tayyip Erdogan, ter decretado estado de emergência em dez províncias na véspera.
"Onde estão as tendas, os food trucks?", questionou Melek, 64, em Antakya, no sul do país, acrescentando não ter visto nenhuma equipe de emergência pela cidade. "Não vimos nenhuma distribuição de comida aqui, ao contrário do que houve em desastres locais anteriores. Sobrevivemos ao terremoto, mas vamos morrer de fome ou de frio aqui."
Em visita à província de Kahramanmaras, próxima do epicentro do terremoto, nesta quarta, Erdogan admitiu que houve problemas na resposta inicial ao tremor, relacionadas em especial ao bloqueio de rodovias e aeroportos. Mas disse que as operações haviam se normalizado --e que a população deveria ignorar "provocadores" e ater-se à comunicação oficial do governo.
À medida que a amplitude do desastre fica evidente, a desesperança abate as famílias, que passaram mais uma madrugada congelante tentando libertar seus parentes de destroços.
Ainda na Turquia, dezenas de corpos, alguns deles cobertos por lençóis ou envoltos em sacos para transporte de cadáveres, eram vistos enfileirados em frente a um hospital na província de Hatay, no sul.
Muitos dormiam em seus carros ou nas ruas, enrolados em cobertores, temerosos de entrarem nos prédios atingidos pelo sismo --o mais mortal no país desde 1999.