Com 37 anos e uma história de superação, Bruno Silva- conhecido por ‘mudinho’- conseguiu dar uma reviravolta na vida, desde aquela decisão do juiz em não o encaminhar para a cadeia.
Após 16 anos, quando o juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Coité – Gerivaldo Neiva – condenou um jovem de 21 anos (saiba mais), acusado de furto, a prestar serviços à comunidade, pedir emprego, frequentar a escola e deixar de roubar, o Portal Massapê foi descobrir como anda a vida desse rapaz, depois que a decisão do magistrado repercutiu em todo Brasil.
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Juiz de Direito, Gerivaldo Neiva |
Com 37 anos e uma história de superação, Bruno Silva- conhecido por ‘mudinho’- conseguiu dar uma reviravolta na vida, desde aquela decisão do juiz em não o encaminhar para a cadeia.
Em entrevista à jornalista Rafaela Rodrigues, Bruno – que possui a condição de surdo – estava acompanhado do Dr Gerivaldo, Lucília de Lima Costa – intérprete de Libras – e Marli Simões – vereadora da cidade – conhecida por Marli de Bandiaçu, uma militante da comunidade dos Surdos. Todos contribuíram para o processo da reportagem.
Afinal, como anda a vida de Bruno?
Quase duas décadas depois, o rapaz cumpriu todos os requisitos exigidos pelo juiz na época e até um pouco mais.
Matriculou-se na escola, arrumou emprego, deixou de furtar, constituiu uma família e entrou até no círculo familiar do próprio juiz, autor da sentença.
Ao Portal Massapê, doutor Gerivaldo comentou sobre a decisão: “Não me arrependo de forma alguma. Foi uma decisão corretíssima, pois Bruno tinha passado por muitas dificuldades e ele precisava era de acolhimento e apoio. Ao invés de mandar ao presídio, determinei que ficasse na sociedade”, afirmou doutor Gerivaldo.
Durante o bate-papo, Gerivaldo relembrou que a sentença não foi algo tão difícil, pois ele conhecia Bruno desde criança e analisou a forma que agia quando entrava nas residências e estabelecimentos.
“Bruno teve uma família complicada e era um menino estigmatizado na cidade, como alguém que não tinha solução e iria morrer a qualquer momento. Ele não praticava furtos no sentido criminal porque não se apropriava de algo pra ele. Se via uma bicicleta, pegava, rodava, deixava lá, ou se entrasse em uma casa, jogava vídeo game e ia embora. Ele não tinha noção do que era 'dele ou do outro'. Por esse motivo, não vi sentido nenhum na prisão”, explicou Gerivaldo.
Com veredito final sobre o destino de Bruno, doutor Gerivaldo recebeu críticas e elogios após a decisão da sentença denominada de “Crônica de um Crime Anunciado”.
“Toda decisão judicial que foge à regra, está passiva de receber críticas. Na minha decisão deixei claro: De fato, ele cometeu o delito, infringiu a lei, mas não iria condená-lo à prisão. Foi algo totalmente humanitário, pois respeitei a história da pessoa e agora estamos vendo o resultado de um homem reintegrado”, comentou.
E Bruno?
Com ajuda da intérprete, Bruno relembrou quando criança e jovem, que cometia atos ilícitos, mas a ajuda do doutor Gerivaldo foi uma oportunidade para ele aprender e posteriormente pedir desculpas a todos que um dia ele prejudicou.
Mesmo após a sentença polêmica, ele comentou sobre os julgamentos da sociedade referente ao caso: “As pessoas me olhavam com ar de desaprovação e me excluíam. Falavam que eu era ruim e não acreditavam na minha mudança, mas Deus me conhece e sabe. Tenho consciência sobre meus erros e não quero repetir nunca mais”, disse.
Ele revelou ainda, que recebeu convites para voltar ao mundo da criminalidade, porém recusou e preferiu seguir os passos corretos ensinados pelo juiz. “Prefiro a paz! Por esse motivo me afastei de todas as pessoas que na época me chamavam para fazer coisas erradas. Não quero mais aquela vida”, exalta.
Seguir os passos corretos trouxeram consequências positivas em sua vida pessoal e profissional. O juiz o ajudou a conseguir o benefício previdenciário, devido a deficiência e Bruno conquistou uma casa própria em Coité.
A vida pessoal?
Bruno casou, separou e o fruto do relacionamento foi uma filha, que hoje tem 6 anos.
Doutor Gerivaldo fez questão de frisar: “Separou da mulher, mas a pensão está em dia!”, comentou aos risos.
O emprego?
Bruno produz máquinas de tatuagens e garante que as vendas andam “de vento em polpa”. “Quanto mais me dedico, ganho dinheiro e novos clientes”, sorriu.
Sua história é marcada pela luta por inclusão social, principalmente das pessoas com deficiência. “Estou muito feliz em promover a visibilidade dessa comunidade que luto diariamente. Tenho uma filha surda e sei o quanto é difícil a acessibilidade. Por isso faço questão de ajudar pessoas, como o Bruno, a serem incluídos na sociedade”, comentou entusiasmada.
Todo material para a montagem das máquinas são adquiridos no comércio local.
Doutor Gerivaldo contou que os comerciantes perguntavam se poderiam vender para Bruno e o magistrado perguntou: “Ele paga? A resposta dos empresários é que
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