Estamos em uma guerra cultural. Estamos em uma guerra espiritual, acima de tudo.
Na época em que estudei Jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, no início dos anos 2000, fui apresentado ao conceito da indústria cultural. O próprio nome já explica o conceito. Trata-se de uma indústria da cultura, engendrada pelos meios de comunicação e demais produções culturais (teatro, artes plásticas, etc.)
Os sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer são os pais do conceito. Consolidaram tais ideias em um capítulo do livro “Dialética do Esclarecimento”, de 1944. Eles afirmam que, assim como uma indústria fabrica seus produtos em escala de massa, a mídia também o faz, entregando para seus consumidores, dentro de um sistema capitalista, produtos materiais e imateriais – estes certamente os mais perigosos, pois adentram a mente e lá fazem morada, descendo para o coração.
É difícil guerrear contra uma indústria, ainda mais a indústria cultural. Ideias e conceitos são divulgados de maneira explícita ou sutil.
DEPRAVAÇÃO – Lembrei-me do conceito de indústria cultural em um dia de folga, ao brincar na sala com meu filho. Na televisão, zapeei pelos canais para ver se algo de bom havia. Parei no Canal Brasil, no qual era exibido um programa com crianças no elenco. Ao ler a descrição do programa, o tema inicial da sinopse, chamou a atenção. Depois, fiquei estarrecido. Surpreso, não. Estarrecido.
Sim, a depravação chegou ao nível que há anos ouvi ser anunciada pelos meus professores de seminário. Na verdade, já havia chegado há muito tempo, há décadas, séculos, milênios. Agora, chega a níveis cada vez mais degradantes e estão ao alcance dos olhos e das mãos de maneira ilimitada e aviltante.
Sempre houve lixo e atentados contra a fé e moral cristã, de todos os lados. Agora, está cada vez pior. É guerra.
“LEÃOZINHO” – O Canal Brasil, no geral, exibe uma programação nada cristã. Todavia, o curta-metragem Xavier, de 2016 e apenas 13 minutos, chega ao extremo. A descrição da obra, exibida no menu da programação e contida também no site oficial do curta, é clara e direta:
“Nicolas começa a perceber que a atenção de seu filho Xavier, de 11 anos, não está mais só nas baquetas de sua bateria, mas se volta também para outros meninos”.
Simples assim. A música que encerra o curta é “Leãozinho”, de Caetano Veloso, uma bela canção (em termos de melodia), que, nesta referida obra, ganha ainda mais contornos homossexuais “Gosto muito de te ver, leãozinho”… Ninguém menos que o próprio pai, Nicolas, canta para o filho, Xavier. Sim, o pai Nicolas percebe o flerte entre o filho Xavier e um outro pré-adolescente. E, claramente, aprova – e endossa, com o seu olhar e canção, a dita “escolha”.
A bem da verdade, o curta Xavier mostra o homossexualismo como algo normal e que é para ser incentivado (sim, incentivado, encorajado) entre as crianças – e, quanto mais cedo, melhor, segundo a visão mostrada.
Apologia ao homossexualismo e demais práticas anti-cristãs é algo antigo na mídia — e não somente na mídia, na sociedade, assim como o pecado, há milênios, desde que o mesmo adentrou no mundo, no Jardim do Éden. A diferença é que agora a apologia ao pecado em tão tenra idade é algo cada vez mais normal e comum.
O pior de tudo é que o curta tem o apoio financeiro do Governo do Estado de São Paulo. Ou seja, tal depravação é financiada com o dinheiro de pessoas que não concordam com tal prática e discurso, incluindo cristãos evangélicos. Nós entendemos que, conforme a Bíblia ensina, existem apenas homem e mulher. Afirmamos que o envolvimento sexual entre homem e mulher é a norma, e não uma opção entre várias. Família é composta apenas por um homem e uma mulher.
MÍDIA SUJA – O Canal Brasil é de propriedade do grupo Globo. Eu assisto a TV Globo, embora muito pouco hoje em dia – quase que raramente. Basicamente, assisto ao jornal local. Alguns a chamam de “Globolixo”. De fato, essa emissora é fonte de lixo moral para seus espectadores. Infelizmente, a Globo não está sozinha. Via de regra, todos os meios de comunicação estão perdidamente poluídos e disseminando continuamente mensagens contrárias à Palavra de Deus, inclusive canais de propriedade de ditas igrejas “evangélicas”.
Voltando à época do mestrado em teologia no Seminário Teológico Batista do Sudoeste (EUA), me lembro claramente das palavras do professor Charles Patrick Jr. na disciplina Lar Cristão. Ele, juntamente com o professor Evan Lenow, da disciplina A Bíblia e os Assuntos Morais, volta e mencionavam que, no futuro, a ideia de poliamor (uma pessoa amar várias outras, como em “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, da TV brasileira já há algumas décadas), por exemplo, iria cada vez mais se disseminar. Charles e Evan alertavam que poligamia e, pasmem, pedofilia, se tornariam cada vez mais algo normal e aceitável social e legamente, com ampla difusão midiática. O curta Xavier é uma indicação clara disso.
Xavier não trata de pedofilia, mas deixa diversas janelas abertas em termos morais. Enquanto isso, canais da TV fechada mostram famílias polígamas compostas por mórmons, entre outros lixos culturais. E a TV aberta vai de mal a pior, ainda mais.
Estamos em uma guerra cultural. Estamos em uma guerra espiritual, acima de tudo. Lutamos a guerra cultural com armas culturais mas, acima de tudo, espirituais. Resta a nós, pais e igreja, viver, ensinar e agir de tal maneira que nossos filhos e filhas e as próximas gerações permaneçam fieis às Escritura Sagradas e seus preceitos e imutáveis conceitos. Ensinar o certo e o errado, de maneira clara e direta. E também orar, jejuar e produzirmos conteúdo saudável, inclusive na indústria cultural. Joelhos no chão. Dedos ao teclado. Mãos à obra.
A guerra apenas começou. Melhor dizendo, a guerra continua.